O livro conta a história de um médico, que sou eu, ao receber uma paciente chamada Vanessa, nome que, coincidentemente, é o mesmo da minha esposa. Loira e mãe de uma filha, compartilhava características físicas e pessoais que me remetiam à minha própria esposa. Ela sofria de uma condição causada pela febre reumática, uma doença comum no Brasil, decorrente de uma simples dor de garganta, a amigdalite. Essa condição evoluiu para cardite e, como consequência, comprometeu as válvulas do coração.
A paciente precisou ser submetida a uma cirurgia para troca de válvula, mas, durante o procedimento, seu coração parou de funcionar. Ela tornou-se prioridade nacional para um transplante cardíaco, e, com muito esforço, conseguimos mantê-la viva utilizando um aparelho improvisado.
Enquanto lidávamos com esse caso, um jovem sofreu um acidente grave na principal rodovia da cidade e foi levado para a UTI ao lado da UTI do coração no mesmo hospital onde eu trabalhava. Em uma conversa habitual durante meu plantão, com o plantonista da UTI descobri que o jovem havia entrado em morte encefálica e poderia ser um possível doador de orgãos. Por uma obra do destino — e de Deus —, o rapaz era compatível, o que é algo raro. Entretanto, surgiu um novo dilema: a família estava relutante em permitir a doação. Um colega experiente, o Dr. Rodrigo, interveio e conseguiu convencer o avô do rapaz a autorizar o transplante.
No dia do procedimento, enfrentamos outro desafio: uma falha nos equipamentos quase custou a vida de Vanessa. Ela foi levada às pressas para o centro cirúrgico e, devido a uma embolia pulmonar, quase não sobreviveu. No entanto, o transplante foi realizado com sucesso. Apesar da alegria inicial, no pós operatorio na UTI comigo ela começou a sofrer sangramentos difusos, e, em um ato de coragem, uma médica conseguiu, quase de forma heroica, quase um furto, um remédio essencial para salvar sua vida.
Vanessa finalmente se recuperou, mas o livro continuou. Em 2021, seu marido sofreu um acidente de caminhão. Durante esse período, entre 2018 e 2021 exploro outros elementos do contexto histórico, como a pandemia, a minha vida pessoal e profissional, e outros casos marcantes, como o de um jovem que sofreu um acidente de moto, ficou paraplégico e, mais tarde, tornou-se um atleta paralímpico e coloco neste caso o marido de Vanessa chamado Stephan como quem ajuda este jovem. Conto como eu passei a fase da pandemia, o meu isolamento e como eu conversava com meu filho através de uma porta durante 14 dias.
É uma ficção baseada em fatos reais, que mistura drama, superação e reflexões sobre a vida, os desafios da medicina e a força do destino.
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